Me deixei levar mais uma vez pela dor, e dessa vez foi bem pior. Doeu no
meu mais íntimo, ela sabia onde a ferida estava aberta, eu gritei até
ficar sem voz mas não adiantou. Ela machucou, machucou, machucou. Dói só
de lembrar como aconteceu, eu estava deitada com um livro nas mãos, e
ela chegou. Tudo escureceu, esfriou do nada, ela chegou bem próximo ao
meu ouvido e sussurrou. Era uma tortura sem fim, eu estava perdida,
sozinha, sem defesas. Não sei ao certo porque estou relembrando do que
passei, mas ficar guardando só pra mim é pior. Estou cheia de marcas,
feridas que não cicatrizam, e a dor disse que não vai me largar. Onde
quer que vá ela também irá. Peço ajuda, pode vir de qualquer lugar isso
já não tem importância. Só não posso passar por isso mais uma vez. Não
tenho amigos, nem família, ou alguém que se importe comigo. Os meus
livros são minha única companhia, e saber disso é deprimente. A dor diz
que sou uma coitada, que sou incapaz de realizar alguma coisa, diz que
eu nasci para sofrer, que ninguém nunca será capaz de lutar por mim. E
acho que ela tem razão, quem será o louco de se interessar por uma
qualquer, que não possui nada a não ser uma fortaleza de livros. Quem
poderá vencer a dor em meu nome. Essa é uma coisa que tenho que fazer
por mim mesma, tenho que criar coragem e vencer meus medos. Mesmo
sozinha, mesmo sem nada, mesmo sem armadura ou espada. Tenho que vencer
com meu coração. Tenho que enfrentar a dor, não sei por onde começar,
mas um dia vou vence-la ou ao menos te-la como uma velha companheira.
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